target="_blank" href="http://www.powermusics.com">www.powermusics.com

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Contos


O Corvo
          Sentada no pequeno sofá azul marinho eu me encolhia agarrando-me em minhas próprias pernas debaixo da coberta que me cobria até a cabeça, meus olhos fixos na tela da TV, se fechavam num movimento espontâneo no clímax de medo e tortura do filme coberto de sangue que cobria a imagem em minha frente. Gritos agudos ecoavam na casa vazia devido à grande potência das caixinhas de som e cada pêlo do meu corpo arrepiava ao ouvi-los.         

          Desviando minha atenção, asas batendo e um rumor que supus ser de um corvo, bloqueou o silêncio lá fora. Meus olhos, agora na janela aberta, se assustaram, e eu pulei do sofá ao ver o corvo negro com olhos escuros demais, pousado na sacada da janela. Automaticamente ouvi minha própria voz pedindo aos berros para que o pássaro saísse, ele me olhou de um modo desagradável e em seguida voltou a bater suas asas voando para a noite escura.

         Soltei a respiração que nem eu mesma percebera que havia prendido e voltei o olhar a tela ainda pasma com a situação. Desliguei a TV com rapidez ao mesmo tempo em que peguei meu cobertor e segui para o corredor a fim de chegar ao meu quarto. Lá, preparei minha cama e deitei, rezando para que dormisse logo.

          No sonho eu flutuava em um corredor com paredes de espelhos, em minha frente, me aguardando, estava o grande corvo paralisado. Ao vê-lo, eu sorri, e voei até ele. Já perto, o vi se transformando em um belo homem, cabelos negros como as penas da ave, a face trazia os mesmos olhos escuros, os lábios desenhados sedutoramente trazia um sorrisinho no canto. Ele deu um passo e nossos rostos ficaram tão próximos que podia sentir sua pele fria mesmo sem tocá-la. Senti o seu cheiro. Minha garganta ardia, queimava. Eu sentia o corpo seco. Sentia sede.

          Aproximei meus lábios de seu esquio pescoço branco, e ali cravei meus dentes, saciando assim meus desejos. O gosto me invadia e trazia poder. Quando quase não restava mais sangue em seu corpo, ele gritou desesperadamente...

           Acordei assustada e com a respiração aflita. Pisquei várias vezes os olhos para conscientizar-me do lugar onde estava. Era meu quarto. Olhei em volta e mais uma surpresa que me fez arfar. No chão, ao lado da minha cama, estava um grande corvo morto e sem nenhum sangue no corpo. Meu pijama estava cheio de penas e na boca, o gosto ainda quente do seu sangue...


Nandara Cristina dos Santos- 1° ano D


Um Pesadelo de Brincadeira
A Campainha tocou. Gabriela e Paola se entreolharam. Gabriela se levanta do sofá, pausa o filme clicando em um botão do controle do DVD e diz:
- Eu vou fazer pipoca. Você pode atender a porta?
- Claro que sim. – Se prontifica a outra.
Gabi segue então da sala de estar para a cozinha, atravessando um pequeno corredor com um iluminado jardim de inverno. Ao chegar, abre as portas do armário, apanha um pacote de pipoca de microondas, e o põe para pipocar no devido aparelho. O seu celular toca. Estava no seu quarto, em cima da escrivaninha. Ela corre. Passa pelo corredor, pela sala, não avista Paola, segue caminho subindo as escadas, passando pelo corredor e entrando em seu quarto, onde apanha o aparelho e o atende dizendo:
- Alô?
- Alô? – Responde uma voz um tanto quanto rouca.
A menina sai de se seu quarto rumo à sala, para ver se sua amiga já havia voltado para lá. Mas, fica imóvel no meio do caminho, ao notar que aquela voz era desconhecida, e indaga:
- Quem está falando?
- Um assassino. – Responde alguém do outro lado da linha.
- E em que posso te ajudar, assassino? – Pergunta ela sarcasticamente enquanto continua seu percurso.
- Vejamos. – Responde o indivíduo projetando uma risada maliciosa – Primeiramente preciso que você tranque todas as portas e janelas de sua casa.
- Por quê?
- Porque senão eu irei entrar e matar você.
- E não é isso que um assassino faz?
- Sim. Mas eu não sou um simples assassino, gosto de inovar não repetindo os mesmos fatos. Por exemplo: Já apanhei sua amiga Paola e não queria fazer o mesmo com você, tão facilmente.
Gabriela sente um arrepio percorrer seu corpo, e desfaz o sorriso estampado em seus lábios.
- Escute aqui seu idiota, estamos no bairro nobre da cidade, e se você não desligar esse telefone, vou chamar a ronda policial que meus pais pagam mensalmente e denunciar seu número por trote.
- Escute aqui sua idiota, estamos no bairro nobre da cidade, onde ninguém se importa com ninguém, e se você chamar a ronda policial que seus pais pagam mensalmente terei tempo e ódio suficiente para matar você e sua amiga, e pendurar seus cadáveres na cerca elétrica para quando eles chegarem. – Responde a voz do outro lado da linha agressivamente.
Rapidamente a menina tranca a porta da sala que estava aberta e através da janela vê que o portão da garagem estava apenas encostado, o que sugeria que alguém havia entrado. Choramingando murmurou para voz que já havia demonstrado ser de um homem:
- Isso é uma brincadeira não é?
- Sim. – Explica ele – Vamos brincar de filmes de terror. Observei você e sua amiga por duas semanas e percebi que você entende do assunto. Desde então, foi uma questão de tempo para bolar essa brincadeira interessante. Ela funciona assim; irei te fazer perguntas sobre filmes desse gênero, até que você erre.
- E o que irá acontecer quando eu errar? – Questiona Gabi indo para a cozinha apanhar uma faca.
- Sua amiga irá morrer, e eu irei fazer a última pergunta que decidirá a sua vida.
- Isso é loucura! Você não pode estar falando sério! – Grita ela se escondendo debaixo da mesa da cozinha.
Um silêncio sinistro caí sobre o local sendo levantado pela voz do assassino que friamente indaga:
- Qual é o nome da menina amaldiçoada em O Chamado, de 2002?
- Samara! – Responde ela vitoriosa.
- E qual é o nome do primeiro ator a interpretar o maníaco homicida da série de filmes O Massacre da Serra Elétrica?
- Gunnar Hansen! – Suspira a menina vitoriosa – Acabou? Eu venci?
- Não, estamos apenas começando.
- Por favor, pare com isso!
Não atendendo ao pedido, ele contínua.
- O filme A Noite dos Mortos Vivos de 1968, filmado em preto e branco pelo diretor George Romero, foi levemente baseado em qual obra literária?
- Em Eu Sou A Lenda de 1954!
- Ora, Ora. – Exclama o homem – Você está me surpreendendo. Terei que fazer perguntas mais difíceis!
Gabi respira fundo, enxuga os olhos e começa a rezar mentalmente para que seus pais cheguem logo.
- O diretor Alfred Hitchcock, nomeado o mestre do suspense, produziu um filme em 1960, chamado Psicose, onde uma bela moça americana é assassinada debaixo do chuveiro, tendo ao fundo uma vinheta macabra. O que ele usou para simular o som da faca estraçalhando a moça?
- Ele esfaqueou um melão, e depois inseriu o som no filme!
- E para simular o sangue dessa cena, o que foi usado?
- Calda de chocolate.
- E a música, como foi feita?
- Com uma orquestra.
Ele se cala por um tempo. Tempo suficiente para ela correr até o telefone fixo e descobrir que ele estava mudo.
- Qual o nome do único filme de terror que foi indicado ao Oscar?
- O Exorcista!
- E Quantos galões de sangue falso foram utilizados no primeiro filme da série A Hora Do Pesadelo?
- 500! - Responde ela correndo para seu quarto depois de ouvir um barulho estranho no quintal.
- Qual foi o primeiro trabalho artístico da cantora Fergie do grupo musical Black Eyed Peas?
- Um filme de terror! Chamava-se... O Monstro do Armário!
- Ótimo! Você está indo muito bem! Agora, me diga o nome do primeiro filme de psicopata; Halloween, A Hora do Pesadelo, Sexta Feira 13, ou Psicose?
Gabriela entra em seu quarto, tranca a porta e se esconde dentro do guarda roupas dizendo:
-Psicose! – Rug a menina toda confiante.
- Resposta errada. O primeiro filme a explorar os desejos homicidas de um ser humano foi A Tortura do Medo, dirigido por Michael Powell em 1960, além disso, também foi o primeiro a colocar o público no ponto de vista do assassino. – Gargalhando ele pede – Abra as portas de sua varanda e encontre sua amiga, Gabriela.
Saindo de seu esconderijo, a menina põe a mão trêmula na maçaneta e a puxa, abrindo a porta e encontrando o corpo sem vida de Paola boiando na piscina no centro do jardim. Seu grito ecoa pela noite escura.
- Eu avisei que isso iria acontecer. – Murmura o homem do outro lado da linha – E continuando nossa brincadeira, vamos para a pergunta que decidira sua vida.
- Pelo amor de Deus! Eu te imploro, pare com isso! Deixe-me em paz!
- Farei isso se você me disser o nome do melhor filme de terror de todos os tempos!
Gabriela controla o choro. Engole o soluço. E num ato de desespero, começa a dizer o nome de todos os filmes que conseguia lembrar:
- O Massacre da Serra Elétrica, O Exorcista, Psicose, O Iluminado, A Profecia, Halloween, Sexta Feira 13, O Silêncio dos Inocentes, O Bebê de Rosemary, A Hora do Pesadelo, Tubarão, Drácula, A Morte do Demônio, Frankenstein, A Noite dos Mortos Vivos, Jogos Mortais, O Brinquedo Assassino, Carrie – A Estranha, O Chamado, Viagem Maldita, Aniversário Macabro, Pânico, A Bruxa de Blair, A Casa de Cera, A Morte Convida  Para Dançar, A Morte Pede Carona, Dia dos Namorados Macabro, Piranha 3D, Alien – O Oitavo Passageiro e... O Lobisomem são os melhores que já vi, é algum deles?
O telefone fica mudo. O silêncio envolve o ambiente. O som de uma janela sendo quebrada ecoa, sendo seguido pelo ranger de passos subindo as escadas. A menina se esconde debaixo de sua cama. A porta de seu quarto é arrombada. Olhos reluzentes a encontram. Mãos frias a puxam de seu esconderijo. Ela se debate. E ele sussurra em seu ouvido direito, pouco antes de jogá-la pela varanda:
- Acorde!
O grito de Gabi se propaga por quarteirões. Sua mãe e seu pai abrem a porta do quarto desesperados. Ela estava molhada de suor. Com a respiração ofegante. Sentada em sua cama. Com os olhos esbugalhados. Enfurecidos, os dois começam a dar uma bronca nela, dizendo que os filmes de terror estavam enlouquecendo-a. Ainda confusa, a menina espera os adultos irem se deitar para ir até a cozinha tomar um pouco de água.
A menina sai de se seu quarto rumo à sala, e então da sala de estar para a cozinha, atravessando um pequeno corredor com um iluminado jardim de inverno. Ao chegar avista seu celular em cima do balcão. Estava recebendo uma chamada. Ela apanha o aparelho, e o atende dizendo:
- Alô?
- Alô? – Responde uma voz um tanto quanto rouca.


Márcio L. de Sá Júnior - 1° ano D